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UMA ESTRÉIA AUSPICIOSA
20/01/2011 00:10:43


M. Paulo Nunes

 Quando comecei a lecionar Português e Literatura Portuguesa, no Liceu e na Faculdade de Filosofia, fiz com o maior encantamento as primeiras leituras dos poetas provençais ou da chamada poesia trovadoresca, que foi a rigor a primeira manifestação literária de Portugal e era um tipo de poesia que nascia praticamente com o Reino ou com a Nação, se assim o quiserem, para dar forma mais extensiva a este conceito.

Encantei-me assim com a simplicidade das cantigas de amor e das cantigas de amigo, quando amantes e amadas, em formas singelas e breves, comunicam seus transportes amorosos. Igualmente, nas barcarolas, nas cantigas de romaria e noutras formas de manifestação daquele lirismo o sentimento amoroso se estende à paisagem, tornando-a igualmente partícipe daquelas manifestações sentimentais. Isto marcaria fundamente à minha concepção do universo poético.

Foi este mesmo sentimento que encontrei depois, com a ampliação das leituras dos grandes poetas da língua, como Camões, Bocage, Garrett, Gonçalves Dias (veja-se a simplicidade da “Canção do Exílio”), Drummond, Bandeira, Vinicius de Moraes, João Cabral de Melo Neto.

É este sentimento pelas coisas simples ou pelos temas do cotidiano que encontro na poesia de José do Rego Lobão, que reuniu no livro Atalhos toda a emoção e toda a sensibilidade do seu universo poético, inclusive pela recorrência às formas tradicionais do verso, como a redondilha (maior e menor) que vem de lá, do lirismo provençal, até o soneto, a balada, a canção, formas também vetustas de expressão poética, para igualmente expressar sentimentos embrionários, como o da morte do pai, os recantos mais ricos de emoção da terra natal, a alma simples de um perpétuo enamorado da vida.

O sensível despojamento de sua forma poética nos leva a uma reflexão do velho Eça nas Cartas Inéditas de Fradique Mendes “...Só os termos simples usuais, banais, correspondendo às cousas ao sentimento, à modalidade simples não envelhecem (...) O homem, mentalmente, pensa em resumo e com simplicidade, nos termos mais banais e usuais. Termos complicados são já um esforço de literatura – e quanto menos literatura se puser numa obra de arte, mais ela durará, por isso mesmo que a linguagem literária envelhece e só a humana perdura.”

Esta a alta lição que nos dá o sentimento poético que nos transmite José Lobão, neste seu livro de estréia, que esperamos se multiplique em novas produções para alegria e deleite dos seus leitores.

A obra contém ainda uma parte em prosa, constante de dois discursos: um de posse, como deputado à nossa Assembléia Legislativa, onde realizaria carreira brilhante, e outro, proferido na Academia Piauiense de Letras, associando-se, em nome de sua família, às manifestações acadêmica na homenagem ao excelso poeta Martins Napoleão, pelo centenário de seu nascimento, em março de 2003. Também a ela se integra uma narrativa sobre uma lenda colhida em seus pagos, “A lenda da mulher nua”, com a urdidura perfeita e o pleno domínio do assunto, que é dos mais fascinantes. 

      




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