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RAÍZES DO BRASIL, 70 ANOS
20/01/2011 00:10:37


M. Paulo Nunes

 Em 1936, Sérgio Buarque de Holanda publicava um dos livros mais significativos de nossa cultura, Raízes do Brasil que de certa forma viria revolucionar o processo de análise e interpretação da história do Brasil. É um livro de caráter Weberiano”, ou seja, na mesma linha do sociólogo alemão Max Weber que dominaria por largo tempo a sociologia paulista,muito em voga entre os pensadores que se afirmaria no país, como expressão da recém-criada Universidade de São Paulo, em 1934.

Gilberto Freyre já havia publicado em 1933 o seu livro seminal Casa Grande & Senzala que, não obstante ser tido como conservador, em algumas áreas de nossa “intelligentzia”, daria uma nova interpretação à formação da sociedade brasileira sob a influência dominante da família patriarcal, com ênfase no intercurso social e sexual entre as três raças ou culturas de que resultaria a nossa sociedade. Foi também este um livro renovador.

Na mesma data aparece também o livro, este, de fato revolucionário, de Caio Prado Jr., Evolução Política do Brasil, ensaio de interpretação dialética da história do Brasil, a que se seguiria, em 1942, ao retornar do exílio, em razão de sua militância política de esquerda, o livro História Econômica do Brasil.

Essas obras, no entanto, que muitos estudiosos dão como marcos renovadores do pensamento social do país, não surgem assim, sponte sua, como responsáveis, em larga escala, pelo estudo aprofundado da renovação do pensamento social do país. Antes do aparecimento desses autores, muitos outros já se preocuparam com a elaboração de um pensamento crítico de nossa sociedade, até hoje uma sociedade desigual e injusta. E assim é que essa preocupação surge muito antes, com Euclides da Cunha que, com Os Sertões, aparecida em 1902, delimita uma nova fase, em nossa evolução histórica, com a vigorosa denúncia que ali se contém, da injustiça social do país. Muito antes dela Joaquim Nabuco já o havia feito com O Abolicionismo, em 1883, livro como qual, ao condenar a escravidão, estabelece ainda as bases de um programa de absorção do negro ou afro-descendentes como hoje pomposamente denominavam, como se mudando o nome mudasse também a consciência do problema.Tal programa de Nabuco, se observado à época, teria abreviado a lenta passagem de uma sociedade de senhores e escravos a uma outra inteiramente livre. Também o fizeram outros, como Manoel Bonfim, com América Latina – os Males de Origem (1917), Oliveira Viana com Populações Meridionais do Brasil (1920) e Evolução do Povo Brasileiro (1924) e tantos outros que se seguiram, como os pensadores e estudiosos do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros) criado no governo Juscelino Kubstsck, dos quais destacaria as figuras de Albano Vieira Pinto e Darcy Ribeiro, entre outros.

Tudo isto para significar que a nossa cultura, uma das mais originais do planeta, tem constituído ao longo dos anos, a preocupação dominante de estudiosos e pensadores que à maneira do autor celebrado de Raízes do Brasil, que agora completa 70 anos de publicação e de outros estudos sobre a nossa realidade, como Visão do Paraíso (1959), no sentido de repensar o nosso país para assim poder-se construir um futuro de paz e felicidade para todos e não apenas para uns poucos privilegiados. Assim seja!  

 

 

 




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