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LORCA, 70 ANOS DEPOIS
20/01/2011 00:10:33


M. Paulo Nunes

 Há 70 anos passados, ao ser deflagrada a Guerra Civil Espanhola, com o levante encabeçado nas Canárias, pelo general Francisco Franco, ao cair em mãos de seus sicários, na mesma cidade natal de Granada, onde nascera, o grande poeta espanhol Federico Garcia Lorca, tomava o mundo conhecimento de uma tragédia que o deixou estarrecido, o bárbaro assassinato de uma das vozes maiores da poesia e da dramaturgia espanhola.

Transposto ao continente, o movimento fascista, que seguiria o modelo adotado pelos ditadores Benito Mussolini, na Itália, Oliveira Salazar, em Portugal, e sobretudo Adolf Hitler, na Alemanha nazista, o poeta se encontrava  em Madri e, embora desaconselhado pelos amigos,dirigiu-se a Granada para visitar os pais, em Fuente Vaquero, nos arredores daquela cidade, onde eclodira com extrema ferocidade aquela rebelião.

Em virtude das ameaças constantes, por ele e por sua família recebidas, foi o poeta acolhido a seu pedido em casa dos familiares do poeta Luís Rosales, cujos irmãos, Antônio e José, eram partícipes de insurreição.

Naquela cidade, o governo da Frente Popular obtivera retumbante vitória contra a direita, em seqüência à anterior eleição em que esta fora vitoriosa, anulada pela Cortes de Madri, sob a alegação de fraude.

Deflagrado ali o movimento, militares e falangistas tomaram o poder em Granada e desencadearam a mais terrível repressão, de que já fora vítima o cunhado do poeta, Manuel Fernandez Montesinos, recém eleito alcaide republicano,preso e posteriormente fuzilado. Assim, nem o asilo em casa dos Rosales e a despeito dos generosos empenhos destes, nada evitaria que ele caísse nas mãos do comandante José Valdés Guszmán. Um de seus biógrafos, Yan Gibson (Federico Garcia Lorca – uma biografia – Editora Globo, São Paulo, 1972) afirma ter aquele chefe militar franquista agido sob a orientação direta do implacável general Queipo de Llano, que detinha o poder em Sevilha, e teria decidido o destino final do poeta.

Baldados todos os esforços dispendidos, não apenas dos Rosales, do grande compositor granadino Manuel de Falla, mas de toda a comunidade internacional para salvar o grande lírico do Romancero Gitano, foi este sumariamente fuzilado, ao que tudo indica, na madrugada de 18 de agosto de 1936, juntamente com dois toureiros desconhecidos e um professor primário de Valadolid, chamado Dióscuro Galindo González,na localidade de Viznar, junto a um lugar, premonitoriamente denominado “fonte das lágrimas”.

O mundo ficou estarrecido ao tomar conhecimento daquele crime hediondo.

A indignação popular foi traduzida, ao presenciar a saída do poeta, algemado, do edifício do Governo Civil, cercado de guardas e falangistas do “Esquadrão Negro”, encarregado das execuções sumárias, por uma testemunha ocular, um jovem amigo de Lorca, Ricardo Rodriguez Jimenez que gritou para os matadores do poeta: “Assassinos! Vocês vão matar um gênio! Um gênio! Assassinos!”

A indignação e o interesse internacional foram traduzidos algum tempo depois por um telegrama de 13 de outubro daquele mesmo ano fatídico, enviado às autoridades rebeldes de Granada pelo famoso escritor inglês H. G. Wolls que dizia: ”H. G. Wells, presidente do PEN Clube de Londres,deseja ansiosamente notícia de seu iluistre colega Federico Garcia Lorca e agradeceria grandemente a cortesia de uma resposta. Esta, assinada pelo coronel Antônio González Espinosa foi lacônica e deixou claro o destino do poeta: “Do Governador de Granada para H. G. Wells: Não conheço o paradeiro de Dom Federico Garcia Lorca”.

Assim findou a vida daquele que premonitoriamente cantou: “o terror da morte, a fugacidade do amor, a inexorável passagem do tempo”.

Poetas e escritores de toda parte cantaram-lhe o infortúnio e o poeta foi erigido em mártir da liberdade e da causa republicana, na Espanha.

No Brasil, mesmo sob a ditadura Vargas, os poetas Bandeira, Vinicius de Morais e Carlos Drummond de Andrade cantaram-lhe a glória e o martírio em sentidas endechas.




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