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JUSCELINO KUBITSCHEK
20/01/2011 00:10:31


M. Paulo Nunes

                    Se houver entre nós um presidente que marcou época, estendeu pontes e desvendou caminhos novos em nossa vida pública, este foi Juscelino Kubitschek de Oliveira. Não pelo que tenha feito em termos de realizações materiais (e fez muita coisa); não pelo que haja implantado como medidas transformadoras de nossa estrutura econômica ( e modificou muita coisa); não pelo que tenha mudado em termos de estrutura social (e neste particular nada pôde fazer), e sim, pelo que criou em termos de mentalidade nova, cercando-se de uma equipe de trabalho das mais competentes do país, como Rômulo Almeida, Celso Furtado e Augusto Frederico Schimidth. O primeiro, foi o responsável pelo plano de metas, inclusive pela meta-síntese- Brasília; o segundo pela criação da SUDENE, destruída após o golpe militar com o apoio ostensivo do coronelismo político. O último, foi uma espécie de alter-ego da utopia presidencial. Numa política cultural de confronto com a Escola Superior de Guerra, a chamada Sorbonne fardada, onde se elaborava o pensamento militar conservador do país, no confronto da Guerra Fria, com a criação da famigerada doutrina da segurança nacional que resultaria no golpe militar de 64, criou o Instituto Superior de Estudos Brasileiros – ISEB. Ali pôde reunir o que havia de melhor no país, em termos de inteligência e pensamento progressista – Guerreiro Ramos, Roland Corbusier, Milton Santos, Hélio Jaguaribe, Josué de Castro e tantos e tantos que se dedicaram, de corpo e alma, à criação da nova inteligentzia do país, capaz de opor-se ao golpe das classes conservadoras que já estava em processo, desde a renúncia de Jânio e a posse de João Goulart na presidência da República, coisa com que os militares derrotados em 54 e 55 nunca se conformaram.

Fez, entretanto, muita coisa errada. Destruiu o sistema ferroviário do país, instituindo um plano rodoviário caríssimo que pudesse justificar a criação de uma indústria automobilística entregue às multinacionais.

E fez Brasília no grito e na ousadia. Foi um bem ou um mal? Foi um fato necessário? Quanto custou? A espetacular dívida externa? Não, que os governos militares a triplicaram ao assumir. Instituiu a corrupção? Não, que esta já vem de longe e não acaba nunca. Haja vista o que houve com o PT. Pregoeiro da ética, durante cerca de 30 anos, nela mergulhou de ponta-cabeça e não há mais quem de lá possa retirá-lo.

Credita-se entretanto ao período JK, agora levado à televisão, uma fase de otimismo e auto-confiança do povo no seu destino manifesto de grande potência, ao seu espírito democrático, à sua incapacidade de manter a dissenção e o ódio, que esses seriam depois os ingredientes com que se realizaria o autoritarismo dos que empalmaram o país num golpe de força e mantiveram subjugadas, durante 21 anos, as nossas instituições republicanas. Para que, afinal? Para nada. Sua morte, que pude acompanhar de perto em Brasília, onde então residia, foi um momento de grave comoção popular que uniu toda a nação em torno de seu nome.

De qualquer forma, numa avaliação machadiana, não houve perdas nem ganhos em relação ao período JK, consegüintemente saiu ele quite com a vida, levando ainda consigo um pequeno saldo, que é o seguinte: Juscelino Kubitschek foi uma figura à altura de sua época e a imagem mais representativa da vida pública nacional. O que é uma pena para a vida pública nacional. 




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