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ITAMAR BRITO
20/01/2011 00:10:26


M. Paulo Nunes

 No início da semana passada, em Brasília faleceu, o Professor Itamar de Sousa Brito, uma das figuras de maior relevo, em nossa história educacional. Na última sessão ordinária da Academia, pedi a palavra para exaltar-lhe a personalidade de educador e homem público dos maiores que já tivemos, embora haja por motivo talvez de sua formação religiosa realizado o seu trabalho ou a missão que lhe fora confiada e o seu meritório trabalho, longe das luzes ou do brilho dos holofotes com que são agraciadas aquelas figuras que necessitam do aplauso dos contemporâneos para poderem merecer-lhe a glória passageira que têm às vezes a duração das rosas de Malherbe.

Disse naquela ocasião breves palavras como preito de homenagem e admiração aquele velho companheiro desaparecido, que são a seguir resumidas.

Itamar era natural de Amarante, celeiro de grandes nomes de nossa inteligência, tendo, nesta capital realizado sua formação intelectual, diplomando-se como os demais de nossa geração, na velha Faculdade de Direito, que nunca me acostumei em ver transformada em um simples departamento de nossa Universidade de que é, por assim dizer, a sua alma máter, porquanto é a mais antiga escola de ensino superior em nosso Estado.

Mas foi na área da educação, pela qual, desde cedo, manifestou a sua preferência,que iria complementar a sua vocação de estudioso e dedicado servidor público.

Realizou assim, ainda durante o seu curso de direito, do qual se afastaria por um breve período no INEP, Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos curso de especialização em educação e planejamento educacional, o qual se complementaria com outro na mesma área realizado na Escola de Educação da Universidade de Loyola, nos Estados Unidos da América, além de haver naquele país participado de seminários e debates sobre educação que enriqueceram sobretudo o seu currículo de educador.

Foi aqui, entretanto, em nossa terra, na velha, na velha Diretoria de Instrução Pública, depois transformada, a  partir de 1955,na antiga Secretaria de Educação e Saúde,hoje Secretaria de Educação e Cultura que, como técnico de Educação, realizaria o seu belo trabalho em favor do Piauí, nesta área tão sensível e tão negligenciada em nosso país, que é a da educação básica.

Como descrevê-lo com precisão. Não serei eu a faze-lo neste breve registro. Acho que está na hora de as novas gerações de professores ou de pedagogos para usar uma palavra tão banalizada hoje e tão distante do seu conteúdo, para realçar o trabalho, a dedicação e a competência dessa figura estelar da nossa educação e da nossa cultura. Convivi com ele parte de nossas vidas e posso dar-lhes o meu testemunho.

Além de técnico, foi ele ainda professor titular ou catedrático como então se denominava, de nossa Escola Normal, hoje Instituto de eEucação “Antonino Freire, na qual ingressou mediante brilhante concurso para a cadeira de História e Filosofia da Educação. A teses por ele defendida era “Educação e Desenvolvimento”. Tive a honra de ser um de seus argüidores e dar a minha ratificação à nota de distinção que mereceu ao final daquele concurso.

Escreveu dois notáveis livros, História da Educação no Piauí de que estava concluindo a 2ª edição, e Cem Anos da Missão Batista no Piauí, ambos da maior importância para a cultura piauiense, e uma monografia sobre o Conselho Estadual de Educação, do qual fui vice-presidente, de 1968 a 1971, quando tive que deixá-lo com a minha mudança para Brasília. Dirigiu aquele colegiado, por vários anos, o ilustre professor e amigo prezadíssimo José Gayoso Freitas, também de saudosa memória.

Na Secretaria de Educação era ele o responsável pela área de planejamento. Nunca chegaria ao posto de Secretário. Entretanto aquela Secretaria está permeada pelo seu trabalho, por sua dedicação, por sua competência.

Dentre as tarefas que lhe foram incumbidas, destaca-se a que realizou na área de planejamento educacional. Relembro aqui dois momentos culminantes.

Quando o governo Petrônio Portella teve início ou talvez um pouco antes, fora ele designado pelo titular da pasta para elaborar o projeto a ser desenvolvido com a parceria e o financiamento da USAID, à conta dos recursos do famoso acordo MEC/USAID, tão malsinado à época pelos estudantes. Acompanhei de perto seu esforço e seu alto empenho no sentido de elaborar aquele documento em tempo recorde e com os parcos elementos de que dispunha àquela época. Dele resultaram assinalados benefícios ao Piauí, na expansão da escolaridade básica, naquele período, de que careciam o estado e o país.

Igualmente, esteve ele à testa da elaboração de todo o planejamento educacional do estado. Inicialmente através do Plano Nacional de Emergência, criado por Darcy Ribeiro ao assumir a pasta da Educação, no breve interregno de governo parlamentarista que tivemos para solucionar o impasse criado pelas forças armadas à posse do presidente renunciante.E logo após, ao elaborar os projetos do Plano Trienal de Educação, em âmbito estadual, como aquele da maior importância para a nossa educação básica,em nível estadual.

Além das qualidades aqui apontadas decorrentes de um preparo intelectual e profissional dos mais destacados, era Itamar Brito uma figura de escol, de convívio humano e fraterno dos mais agradáveis, modesto, digno e simples, um modelo de personalidade de que participara país a fora.

Tínhamos algumas preferências em comum, como a admiração por figuras estelares de nossa vida educacional ou cultural tais como Anísio Teixeira, de quem ele e eu, éramos devotos como Fernando de Azevedo, como Lourenço Filho ou Almeida Jr., em suma dos renovadores da educação em nosso país, signatários do manifesto dos pioneiros da educação NOVA, em 1932, com que se deu impulso maior em nossa renovação educacional.

Ao prestar-lhe aqui a homenagem do meu afeto e da minha admiração a tão exemplar figura de cidadão prestante, quero significar a falta que ele fará por certo a todos nós que o conhecemos de perto, apontando às novas gerações o seu exemplo de dedicação à causa pública.

Itamar deixa viúva a Profª Haidê Soares da Silva Brito e os filhos Itamar Sousa Brito Jr., medito e David Sérgio da Silva Brito, defensor público e advogado,residentes em Brasília.   

 

 




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