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HIROSHIMA
20/01/2011 00:10:18


M. Paulo Nunes

 No momento em que se tecem loas às excelências do sistema de vida norte-americano, a propósito do bicentenário de nascimento de Aléxis de Toqueville, autor do famigerado livro A Democracia na América, que já contém o germe do desafio americano e do destino manifesto do Império para impor a outros povos, a ferro e fogo, seu estilo de vida, desejo evocar a tragédia de Hiroshima, em seu 60º aniversário, neste 6 de março, quando o primeiro experimento atômico, lançado as 8 horas e 15 minutos de 1945, varria da face da terra uma população inerme, numa cidade aberta, matando, em um segundo, 140.000 pessoas, 40.000 das quais constituídas de crianças que se encontravam já empenhadas em suas tarefas escolares. Após, esse dramático impacto um outro tanto foi dizimada em conseqüência dos efeitos maléficos da irradiação nuclear que continuou por vários anos.

Marcel Junot, representante da Cruz Vermelha Internacional, assim conclui o seu relatório sobre aquela tragédia bíblia: “Ao fim da tarde, o fogo começou a baixar, e não tardou a extinguir-se. Nada mais havia a queimar. Hiroshima tinha deixado de existir.”

Três dias depois é a vez de Nagasaki, com 75 mil mortos imediatos, na maior parte crianças, mulheres e idosos. Deus salve a América!

À época, várias soluções foram alvitradas para que o Japão fosse formalmente advertido das conseqüências do uso daquele experimento mortífero, por parte de vários cientistas que trabalhavam no chamado Projeto Manhatan, como Oppenheim, sugerindo que se fizesse previamente a demonstração numa ilha deserta perante autoridades japonesas. Nada disso, entretanto, foi atendido. Por que? Àquela altura, o mundo já se encaminhava para o confronto da Guerra Fria, que haveria de dominar todo o “breve século XX”, da concepção de Hobsbawm. Vencida a Alemanha, em 8 de maio, os Estados Unidos da América se alçavam ao ambicionado título de maior potência do planeta e aquela seria a oportunidade de ouro para tal afirmação. Extinguiu de uma vez por todas as pretensões da influência soviética sobre os povos dominados, embora com o sacrifício da população de um país já militarmente vencido, cometendo assim um dos maiores genocídios de que tem registro a história humana.

E para aqueles que não testemunharam o bárbaro episódio, a exemplo do que já haviam feito os alemães da legião Condor, no episódio de Guernica, na Guerra Civil Espanhola, fixado para sempre no admirável quadro de Picasso que se encontra no Museu Reina Sofia, em Madri, ao lado do Museu do Prado, lembremos que, numa cruel demonstração da insensibilidade americana para com o destino dos povos, hoje em dia, 59% deles ainda aprovam o hecatombe, e o mais surpreendente: a aeronave que conduzia a bomba se chamava “Enola Gary”, nome da mãe do comandante da missão mortífera.

Hoje, Hiroshima, como que ressurgida das cinzas, é uma cidade com 350.000 habitantes, com ruas tranqüilas, cheia de praças e jardins e um população ordeira e trabalhadora, em busca de um futuro melhor. É um exemplo vivo de convivência pacífica entre os homens. Mas, como no filme de Alain Renais, Hiroshima, meu amor, não esquecerá jamais aquela ferida em sua alma. A cidade antiga subsiste ainda como um retrato na parede, do poema de Drummond: “mas, como dói!”

O primeiro-ministro japonês em um belo pronunciamento em conclamou à conciliação dos povos à luta contra a ameaça atômica  e o prefeito de Hrioshima, Tadatosha Akiba, fez um dramático apelo para o abandono das armas nucleares. Possam os povos do planeta, numa mobilização geral, escutá-los um dia. Assim seja! 




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