Inicial   O Conselho   Sessões   Publicações   Revistas   Fale Conosco
 

Notícia

DOIS DISCURSOS ACADÊMICOS
20/01/2011 00:10:11


M. Paulo Nunes

 Foi uma bela sessão a que se fez sábado passado, em nossa Academia, comemorativa do centenário de nascimento do poeta o acadêmico Martins Vieira, figura de realce do que há de melhor e mais representativo da cultura literária e da intelectualidade piauiense. Professor, magistrado, jornalista combativo e poeta dos de mais altos vôos da inspiração, era ele figura de escol como poucas que conheci em nosso meio intelectual.

Os dois oradores que lhe traçaram o perfil intelectual,  Celso Barros Coelho, essa figura ímpar de nossa cultura literária, jurídica e humanística, de nossa terra nos dias atuais, em sintonia com as idéias e os problemas de nosso tempo, ao falar, em nome da Casa de Lucídio Freitas pôde dar-lhe a dimensão que merecia o autor alcandorado do Canto da Terra Mártire, poema ao qual já pude referir-me anteriormente, em breve estudo e cuja estrutura, como ali destaquei, lembra a mesma concepção de uma das partes constitutivas do poema de Dante, A Divina ComédiaO Inferno.

José Júlio Martins Vieira, cujo discurso admirável, em nome da família do homenageado, se emparelha, sem nenhum favor, ao lado dos melhores que já foram proferidos, naquela Casa da cultura piauiense, pela linguagem escorreita, pela elevação das idéias e pela análise literária e empatia, com que falou da obra do pai ilustre, a todos emocionou pelo brilho de sua oratória das mais perfeitas.

Foi aquele um dos dos grandes momentos que vivemos naquela Academia, como salientou o seu presidente Paulo Freitas, em sua breve e emocionada intervenção. Se Martins Vieira não vier a merecer outras homenagens, em seu  centenário, e creio que as receba ainda, aquele instante solar de sua gloriosa vida intelectual viverá para sempre como um dos melhores.

Ao traçar com segurança o perfil intelectual do homenageado, José Júlio o fez com mestria e competência, revelando-se, não apenas um grande orador, dos melhores sem o galardão acadêmico que já freqüentaram aquela tribuna como ainda um crítico literário e estudiosos da obra do pai, que demonstrou conhecer em profundidade.

Vamos tentar, neste breve espaço, resumir-lhe a mensagem. Destacou ele, inicialmente, o jornalista combativo e corajoso, na luta impertérrita contra o Estado Novo getulista, emparelhando-se às figuras notáveis do nosso jornalismo de combate, como Eurípides de Aguiar, Simplício Mendes, Ofélio Leitão, porfiando por devolver ao país, em nossa terra, o sistema republicano de governo, restaurando no páis o estado de direito democrátivo, a liberdade usurpada e as franquias democráticas. Não conheço entre nós quem melhor o fizesse do que ele é os dois outros luminares já citados.

Referiu, a seguir, as Getulíadas, uma paráfrase do poema camoneano que eu me lembro eram lidas às ocultas, sob o guante da censura, em que vivia o país, como obra proibida,cujos originais circulavam de mão em mão para serem em seguida publicados na imprensa de combate, com a abertura demorática da campanha de 45, após a famosa entrevista concedida por José Américo de Almeida, a Carlos Lacerda nao Correio da Manhã, em fevereiro daquele ano, que abriria as portas da censura à circulação das novas idéias de liberdade.

Em seguida, a sua análise perfeita do Canto da Terra Mártire, sobre a tragédia da seca nordestina, verdadeiro canto de exaltação do martírio de um povo, o nordestino, que ainda hoje continua a sofrê-lo com a mesma intensidade e resignação, não obstante as promessa vão dos pregoeiros de soluções miraculosas nunca efetivadas, porque desligados do compromisso com a solução de tão  magro problema que vem, ao longo do tempo, servindo de pasto à cobiça de políticos e administradores inescrupulosos, os contamazes fregueses do erário público, com a famigerada indústria da seca. Até quando?

Finalmente, destacou ele o primoroso cultor do soneto, essa vetusta forma de composição poética a que ele daria o realce e a elegância de um Bilac, com a preferência pelo verso alexandrino, o mesmo metro utilizado naquele Canto.

Não esqueceria ainda o ensaísta, estudioso dos problemas sociais do país, como o demonstra a bela conferência, verdadeiro poema em prosa, na série de conferências realizadas em 1944, e intitulada “Unidade Geográfica do Brasil promovida, por sinal, pela Interventória Federal no Estado.

Concluiríamos esta nota breve com a oportuna citação de Celso Barros, em seu discurso, colhida na tragédia clássica Antígona, do grego Sófocles, que vem aqui muito a propósito; “Haverá para os filhos tesouro maior que a glória dos pais?          




Mais Notícias...
 
2322889
Acessos
 
Rua Treze de Maio, nº 1513/Sul – Vermelha - CEP 64018-285 Teresina-PI
Tel.: (86)3221.7083 FAX.: (86)3223.5577 CNPJ 01.742.710/0001-50

Criação, Desenvolvimento e Hospedagem