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CONVERSA SOBRE SOCIALISMO
20/01/2011 00:09:43


M. Paulo Nunes

 O único partido político a que me filiei na vida, uma única e última vez, foi o Partido Socialista Brasileiro e da maneira bizarra com que vem contudo a seguir.

Na reorganização partidária que se verificou no país, em conseqüência da pressão popular da opinião pública, em 1945, sobre o Estado Novo getulista, como conseqüência da volta dos pracinhas que participaram do teatro de operações da Segunda Guerra Mundial, na Itália, e ainda da famosa entrevista de José Américo de Almeida, concedida ao jornalista Carlos Lacerda, no Correio da Manhã, em fevereiro daquele ano, não houve outra saída para o Ditador senão convocar eleições gerais para aquele ano. Na criação dos novos partidos, que então se verificou, surgira a União Democrática Nacional, a famigerada UDN, como um movimento que uniria as principais correntes políticas que se opunham à ditadura. Criaram-se ainda o Partido Social Democrático, o famoso PSD, como força remanescente dos Interventores Federais do Estado Novo, e o Partido Trabalhista Brasileiro, que seria a opção inteligente de Vargas para controlar os trabalhadores filiados ao movimento sindical de tendência governista. Mantiveram-se ainda velhas siglas partidárias, oriundas da República Velha, como o PL, Partido Libertador, do Rio Grande do Sul, que propugnava pelo sistema parlamentarista de governo, o PR, Partido Republicano, de expressão mineira, e ainda o Partido Agrário Nacional, de expressão paulista, que lançaria um candidato à presidência da República, nas eleições de 2 de dezembro daquele ano, o Sr. Mário Rolim Teles. E claro, o Partido Comunista do Brasil, que vinha da clandestinidade e alcançava o seu curto espaço de tempo de vida legal.

À UDN se incorporara a chamada Esquerda Democrática, abrigando as forças de esquerda contrárias à ditadura que não quiseram submeter-se ao guante da disciplina férrea do Partido Comunista. Ao desligar-se da UDN, em 1947, adotou o rótulo por que ficou conhecido a partir de então, de Partido Socialista Brasileiro (PSB). No Piauí, onde os acontecimento chegavam com muito atraso àquela época, em decorrência da dificuldade de comunicações, tentamos organizar em 1949  a Secção Estadual do Partido uma turma de intelectuais independentes que seriam: Abraão Atem, advogado e estudioso de questões jurídicas, hoje juiz aposentado no Paraná, Moacy Sipaúba da Rocha, ex-pracinha e estudante, que depois faria carreira na magistratura do Maranhão e chegaria ali ao posto de desembargador e presidente do Tribunal, Raimundo Basílio, funcionário público, já falecido, Edwaldo Reis da Silva, que exercia a função de Agente Fiscal do Imposto do Consumo e firmaria o manifesto como jornalista, e o que escreve esta nota, que era professor, além de outros.

A sessão pública de instalação da nova agremiação foi realizada na sede local da UDN, à rua Álvaro Mendes, tendo a presidi-la a figura boníssima do Dr. João Elias Tajra Filho, de saudosa memória, desvinculado de qualquer ligação partidária e apenas tendo atendido a instantes apelos dos amigos para participar daquele ato.

Organizou-se a seguir uma programação de caráter político para difundir a doutrina do Partido que basicamente adotava o lema “Socialismo e Liberdade”, a qual seria veículada pelas rádios locais que consistiam àquela época em microfones de divulgação de notícias de propaganda comercial para as praças da cidade. Acho que na primeira ou na segunda emissão do programa, apareceu por lá,  pelo estúdio que a veiculava um oficial de polícia, de nome Valentim, dizendo-se autorizado a impedir a divulgação do programa, retirando-o assim sumariamente do ar. Era à época governador do Estado o Dr. Rocha Furtado, eleito pela UDN, o partido da “eterna vigilância” como era então o seu lema, mas, mesmo assim, sem deixar de estar a serviço da política de repressão às esquerdas do governo Dutra, resultante da “guerra fria”, o confronto de superpotência pelo predomínio das armas nucleares, tendo de um lado os Estados Unidos da América e do outro, a então União Soviética.

O fato teve repercussão no Congresso Nacional, levado pelo presidente do Partido, o deputado João Mangabeira, com a intervenção, em defesa do governo estadual, do Deputado Antônio Maia Correia que ali  declarou que o PSB, no Piauí, era uma organização de que se teriam apropriado notórios comunistas.

Espero que nesses 60 anos de vida ativa do Partido Socialista tenham, melhor sorte seus dirigentes, pois agora à sombra do governo, do que a daqueles sonhadores que tentaram uma vez entre nós meter idéias novas na cabeça de bugios, como sabe o personagem vicentino do Auto da Mofina Mendez. 




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