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CELSO BARROS
20/01/2011 00:09:37


M. Paulo Nunes

 Afrânio Peixoto, que teve atuação efetiva em nossas letras, nas primeiras décadas do século XX, seja como professor, romancista, cientista, ensaísta e crítico literário, a propósito do renome artístico, literário ou científico, observa que a glória é ser conhecido por aqueles que não conhecemos.

Meu velho amigo Celso Barros, companheiro de geração, pois iniciamos juntos a carreira profissional, no magistério secundário e superior, se constitui num desses eloqüente exemplo dessa assertiva.

Tendo nascido casualmente no Maranhão, na cidade de Pastos Bons, onde atualmente edita uma revista de cultura, por ele e outros amigos fundadores, foi aqui entre nós que se enraizou, tornando-se uma das melhores referências culturais de nossa terra e hoje fora daqui.

Formado em Direito, pela nossa velha Faculdade de Direito do Piauí, então o único instituto de ensino superior existente, porquanto só muito depois se criariam as Faculdades de Odontologia, de Medicina e de  Filosofia, a que posteriormente se agregariam novos cursos, com a criação da Universidade Federal do Piauí, em cujo projeto também estivemos engajados, em seu início, nossos caminhos foram parelhos na atividade docente e na vida cultural.

Participamos de várias atividades culturais com o a criação do Clube dos Novos, da Secção Estadual da Associação Brasileira de Escritores – ABDE, num período de profunda agitação política no país, com o ominoso projeto de extinção dos mandatos dos deputados comunistas, e a cassação do registro desse partido em 1947 e dos mandatos eletivos de seus representantes, no Congresso Nacional.

Com o golpe militar de 1964 e o crepúsculo das liberdades democráticas e das franquias republicanas, foi ele destituído, por seus próprios colegas, do mandato parlamentar que lhe outorgara o povo piauiense, em memorável eleição.

Celso foi uma das pessoas com quem tive a maior convivência em minha geração. Não apenas um convívio afetivo dos mais enriquecedores para mim, como ainda na área do pensamento, dado que fizemos praticamente leituras comuns, não direi de autores jurídicos, entre os quais é ele um dos “experts”, mas no educacional,como Anísio Teixeira, que permeou a educação brasileira por todo o século XIX, e embora não tendo sido, em nenhuma oportunidade,  ministro da Educação, o que foi uma pena, várias de suas idéias estão sendo postas em prática, como a escola de tempo integral e a municipalização do ensino fundamental, com o aporte de substanciais recursos para sua execução.

Na mesma linha eu citaria ainda Fernando de Azevedo, o relator do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, lançado no auge da renovação educacional dos anos 30.

Há que destacar em Celso também o pensador, o homem atento ao pensamento social e político de seu tempo, como uma extensão de seu ministério de advogado militante.

No particular teve ele a intuição de aliar-se àqueles juristas e pensadores que, convivendo em nosso país com instituições peremptas ou velhos  palimpsestos ainda com o cheiro da Idade Média, na área civil, criminal ou comercial, soube enxergar o futuro e propor novas formas de renovação do nosso arcabouço jurídico e político mais afim com as idéias novas. Não foi assim sem razão que ocupou ele, na reforma do Código Civil Brasileiro, o importantíssimo posto de relator da parte das sucessões naquele documento, na condição de Deputado Federal.

Ao receber agora do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, a consagração maior de sua carreira de um dos maiores advogados do país ou de seus operadores do direito, numa sociedade tão injusta e de uma justiça vergonhosamente tão tarda e ineficiente como a nossa, chega ele ao pináculo de sua gloriosa carreira de advogado, ou seja, daqueles que crêem no direito, apostolam a justiça e defendem a liberdade e a cidadania.

Em todos esses momentos sempre estivemos juntos porque, de minha parte, com aquela admiração com que Eça ouvira, pela primeira vez Antero, nas escadarias da Sé Nova de Lisboa, declamando seus poemas revolucionários, destracei também a minha capa e para sempre fiquei a ouvi-lo pela vida inteira.              

 




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