Inicial   O Conselho   Sessões   Publicações   Revistas   Fale Conosco
 

Notícia

APRESENTAÇÃO NA ACADEMIA
20/01/2011 00:09:27


M. Paulo Nunes

 Quando lecionei Português e posteriormente, Literatura Portuguesa, no Liceu e na Faculdade de Filosofia, então dirigida pelo inolvidável mestre Clemente Fortes, três monumentos literários daquela Literatura me chamaram fortemente a atenção: o lirismo provençal ou trovadoresco, sua primeira manifestação literária; a prosa história de Fernão Lopes, cronista-mor do Reino e autor das Crônicas de D. Pedro, o penúltimo rei da dinastia Afonsina, o inditoso amante de Inês de Castro, a que depois de morta foi rainha, cujo martírio foi celebrizado no Canto III dos Lusíadas, de Luís de Camões, a Crônica de D. Fernando, o último rei dessa dinastia, a Crônica do Condestável (a vida de D. Nuno Álvares Pereira, herói de Aljubarrota), e a Crônica de D. João I, o rei de “Boa Memória”, fundador da dinastia de Aviz e filho natural de D. Pedro I. O teatro vicentino que não teria continuadores em Portugal, mas em Espanha, com Calderon de la Barca e Lope de Veja, seria outra dessas manifestações, já nos primórdios da Renascença. Fora ele sumariamente revivido no século XIX, por Garrett, em sua prosa dramática, com Um Auto de Gil Vicente. No Brasil é que seria essa forma dramática reconstituída, por Ariano Suassuna, com o Auto da Compadecida.

                   A simplicidade do lirismo provençal é que teria presença dominante naquelas aulas, mediante a singeleza de suas famosas “cantigas de amor”, quando falava o namorado, ou nas “cantigas de amigo”, quando o trovador punha as palavras na boca de uma mulher e aí era ela quem se declarava ao amado.

                   Por toda a poesia de língua portuguesa perpassa esse sopro lírico que vem da escola provençal e está presente em Camões, com as suas canções, em Garrett, de modo especial o de Adozinda, em Gonçalves Dias (lembremos a simplicidade da “Canção do Exílio”), em Manuel Bandeira, em Vinicius de Moraes, em Carlos Drummond de Andrade, ou em H Dobal.

Em Atalhos, obra de estréia de José Lobão, que aqui agora é lançado, nesta Academia, com pompa e circunstância, segue o autor esse mesmo filão, utilizando, inclusive, em algumas composições, um metro multissecular que vem da poesia dos trovadores, a redondilha (maior e menor), os versos de 7 (sete) e de 5 (cinco) sílabas, respectivamente, metros de que se serve o poeta em alguns poemas deste livrinho. Destacaria “Desventura” e “Saudade da Bahia”, redondilha maior), Graúna” (redondilha menor), como os mais representativos dessa coletânia, além de recorrer ao vetusto modelo do soneto como naquele em que evoca a figura do avô, “Consternação”, dos mais emocionantes desta recolta.

O livro contém ainda uma parte de prosa, que se constitui do discurso proferido ao tomar posse do lugar de deputado, em nossa Assembléia Legislativa, no início de uma brilhante carreira política, tão cedo interrompida; da oração proferida nesta Casa, em nome da família, na homenagem prestada ao excelso poeta Martins Napoleão, em seu centenário de nascimento, e de um conto intitulado “A Mulher Nua”, das melhores e mais expressivas produções no gênero, entre nós.

Ao apresentar o poeta ante um público tão numeroso e receptivo, quis significar também sua importância como pessoa humana, das melhores que conheço, pela lhaneza de trato, a elegância de maneiras, a humanidade e simpatia.

Isso me motivou a que tudo fizesse para estar presente àquela festa de lançamento, retornando a tempo do Rio de Janeiro, por uma das rotas aéreas mais longas que jamais percorrera para não faltar ao compromisso assumido. Ali estivera para receber a homenagem da Academia Brasileira, que me outorgara, a 15 de dezembro passado, a Medalha João Ribeiro, pelos relevantes serviços prestados à cultura brasileira, conforme reza o diploma que me foi entregue também naquela oportunidade.




Mais Notícias...
 
2322715
Acessos
 
Rua Treze de Maio, nº 1513/Sul – Vermelha - CEP 64018-285 Teresina-PI
Tel.: (86)3221.7083 FAX.: (86)3223.5577 CNPJ 01.742.710/0001-50

Criação, Desenvolvimento e Hospedagem