Inicial   O Conselho   Sessões   Publicações   Revistas   Fale Conosco
 

Notícia

UMA PÁGINA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA – II
20/01/2011 00:08:35


M. Paulo Nunes

 Outra medida de enorme sentido renovador, de alcance político e administrativo, contida na Portaria que institui a CADES (Campanha de Desenvolvimento e Expansão do Ensino Secundário) foi a criação das Inspetorias seccionais do Ensino Secundário, instaladas inicialmente em caráter experimental, em algumas capitais do Nordeste e do Sul e Sudeste do país e depois em todas as demais do país ou em cidades consideradas pólos de desenvolvimento econômico. Pretendia-se com aquela medida atender ao processo de descentralização de nosso ensino secundário, todo ele centralizado no Ministério da Educação e Cultura, que administrava o ensino secundário no país competindo aos Estados apenas a responsabilidade com o ensino primário. Este caráter de centralização vinha do Império e nem a Federação, instituída com o regime republicano, em 1889, conseguiu modificar. Desde a primeira reforma educacional, após a proclamação da república, a de Benjamim Constant, um dos próceres republicanos, em 1901, todas foram centralizadoras. Assim ocorreu com a Rivadavia Correia, em 1911, Carlos Maximiliano, em 1915, Rocha Vaz, em 1925, como a própria reforma Francisco Campos, em 1931, após a Revolução de 30, que alterou fundamentalmente as estruturas sociais e políticas do país.

Com a implantação das Inspetorias Seccionais, procurava-se uma forma de aproximar dos Estados os serviços e os órgãos de educação, tornando-os instrumentos capazes de proporcionar às unidades federadas um pouco da autonomia educacional de que necessitavam e há muito tempo vinham reclamando.

Essas novas repartições do Ministério da Educação, que constituíram a menina dos olhos daquele dedicado servidor da educação pública, começavam  a dar assim os primeiros passos, atuando junto ou mais próximo das escolas secundárias do país, fiscalizando-lhes de perto o funcionamento, autorizando elas próprias o funcionamento das novas unidades escolares, em suma, tornando-se um elemento presente na vida das escolas.

Quando inicie a minha carreira de funcionário da educação pública no país, naquele mesmo ano de 1954, mediante rigoroso concurso público realizado pelo extinto DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público) ainda encontrei em funcionamento os velhos mecanismos com que operava a inspeção federal nos Estados. Sofri também um pouco desse processo que fazia com que exercêssemos nossa função distanciados dos centros de decisão, que funcionavam todos na sede do Ministério, àquele tempo ainda no Rio de Janeiro. Não havia telefones de contacto e se houvesse pouco adiantavam, porque as ligações, através da Radional, eram difíceis e quase impraticáveis, de sorte que as decisões dos problemas tinham que basear-se em nosso próprio engenho. Vivi assim esse período heróico da educação brasileira.

As Inspetorias Seccionais, sobretudo as do Norte e Nordeste, passariam a ter uma enorme importância para a vida educacional do país.

Para elas foram recrutados aqueles que então representavam a elite intelectual do MEC. E teria que ser assim. Do contrário falecia a esse funcionário, obrigatoriamente escolhido do quadro de Inspetores do MEC, a indispensável autoridade para conduzir com segurança parte significativa da administração do Ministério. Sob sua orientação teriam que ser transferidos aos Estados a responsabilidade pela condução do processo educacional, instituído pelas leis de reforma do Ensino, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 21.12.1961 e, posteriormente, a lei 5.692/71 que inicia novo processo na educação brasileira. Ao mesmo tempo, como já o dissemos anteriormente, realizava-se, através da CADES, mediante o concurso de professores locais alguns deles grandes nomes de projeção no magistério, como Camillo Filho, o organizador do ensino universitário no Estado, Cecília Mendes e o Pe. Djalma Andrade ou provenientes dos grandes centros educacionais, notadamente do Rio e São Paulo, como o notável pedagogo Imídio Giuseppi Nérici, realizava-se aquilo a que um destacado ministro da Educação, Eduardo Portella, chamou de educação para a construção apoiada na pedagogia da qualidade.




Mais Notícias...
 
2323212
Acessos
 
Rua Treze de Maio, nº 1513/Sul – Vermelha - CEP 64018-285 Teresina-PI
Tel.: (86)3221.7083 FAX.: (86)3223.5577 CNPJ 01.742.710/0001-50

Criação, Desenvolvimento e Hospedagem