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AULA DE MESTRE
11/01/2011 00:09:57


Por Cinéas Santos

Com um pouquinho de atraso (antes tarde do que nunca) a Globo resolveu brindar os sem-humor inteligente com uma aula de bom humor ministrada por um experto : Chico Anísio. Como se sabe, além de bastante adoentado, o humorista vem sendo conservado em geladeira de luxo pela Vênus Platinada. A Globo já não precisa dele, mas não o libera por medo de vê-lo brilhar numa das concorrentes. O tipo de humor que o Chico faz já não se enquadra na nova “filosofia” da emissora, que fez sua opção preferencial por Zorra Total e assemelhados. Segundo um cronista irreverente, “A burrice vende fácil”. Falta-me autoridade para contestá-lo.

O certo é que, no domingo passado (dia 2), a molecada ,com menos de 20 anos, pôde conhecer parte da galeria de personagens criados e interpretados pelo maior humorista brasileiro de todos os tempos. A exemplo dos heterônimos de Fernando Pessoa, cada personagem do Chico (são mais de cem) tem história, conduta, personalidade reconhecíveis.

Alguns, de tão patéticos e tão humanos, poderiam estar agora entre nós, ou melhor, poderiam ser um de nós. Como a Globo já está engatilhando o Big Brother Brasil 11, pôs os personagens do Chico numa espécie de reality show ao lado das ex-bbbs Priscila, Angélica, Cacau e caterva, tendo como apresentador Milton Gonçalves. Em pouco mais de trinta minutos, desfilaram pela telinha: Pantaleão, Popó, Salomé, Professor Raimundo, Painho, Bozó, Haroldo, Tavares, Azambuja, Silva, Quem-Quem, Nazareno, Tavares, Coalhada, Gastão, Justo Veríssimo,Santelmo e o histriônico e canastrão Alberto Roberto. O que se viu, a despeito do roteiro pobre, foi uma aula magistral de interpretação. De quebra, Chico Anísio, com voz cansada, ainda nos brindou com daqueles causos que só ele é capaz de contar com picardia e graça.

País curioso o Brasil: com tanta gente talentosa que sabe cantar, dançar, interpretar, os produtores de TV preferem apostar todas as fichas no que há de mais pobre, mais abjeto, mais vulgar em matéria de entretenimento. A tônica parece ser: “quanto pior, melhor”.

Particularmente, acho que se trata de um processo galopante de emburrecimento do público jovem, notadamente daquela faixa – a maioria - que não tem acesso a outros meio de comunicação que não o rádio e a TV. Paradoxalmente, a imprensa graúda vive reclamando da “péssima qualidade” da educação brasileira como se os meios de comunicação de massa não tivessem nada a ver com o problema. Como os políticos se borram de medo de exigir o cumprimento do artigo 221 da Constituição Federal, o rádio e a TV correm de rédeas soltas sem prestar contas a ninguém. Só num cenário como este, a ausência de um humorista da estatura de Chico Anísio nos programas de humor pode ser entendida. Como diria Gonzaguinha, “E a plateia ainda aplaude/ ainda pede bis”. A burrice, acreditem, é contagiosa.





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