Por: Andressa Kerllen
Na manhã desta segunda-feira (13), no Conselho Estadual de Cultura do Piauí, alunos de escolas públicas da comunidade Vermelha e demais convidados tiveram contato com diversos aspectos da cultura africana como: literatura, música e dança. A atividade coordenada pelo professor Elio Ferreira integra a programação comemorativa dos 125 anos da Abolição da Escravatura. A integrante do grupo Afro-Afoxá, Arteníldes, também colaborou com o evento ao realizar uma performance ilustrativa da resistência negra.
"O 13 de maio é um marco histórico legal, representa mais do que a assinatura da princesa Isabel. Representa o grito sufocado dos negros, analisou a conselheira Francisca Maria ao iniciar o evento.
Para a conselheira a parceria entre o CEC-PI e as escolas da comunidade local é de
fundamental importância para a sedimentação do conceito de cultura como cidadania.
Iradete Ribeiro, coordenadora da programação, explica que “Quando o Conselho de Cultura se propõe a trazer o diálogo sobre africanidades na data 13 de maio, busca não somente contribuir com o debate sobre o tema, mas também, cumprir a Lei 10.639/2003 que já completou 10 anos de existência e que trata da inserção da obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Africana no ensino brasileiro. É sempre oportuno a ampliação desse conhecimento em uma data tão pertinente como o 13 de maio, que faz alusão ao fim de um sistema escravocrata que deixou consequências desastrosas até hoje experimentadas como o preconceito e o racismo”.
Ao falar sobre africanidades o palestrante Élio Ferreira afirma que a assinatura de um papel chamado Lei Áurea não resolveu o problema de uma etnia que foi escravizada quase 400 anos. A existência do sistema de cotas veio para compensar o povo negro das desigualdades geradas pelo enorme tempo de escravidão e exclusão.
O palestrante Élio Ferreira, também defendeu as políticas de ações afirmativas instituídas pelo governo e critica a falta de espaços para projetos culturais que tratem da temática afro-brasileira. “Existem algumas dificuldades na captação de recursos para esses projetos. A cultura negra ainda não foi totalmente inserida no projeto. As cotas são necessárias atualmente, elas representam a abertura de espaços, explica Élio.
O pensamento foi compartinhado por Cineas Santos para ele " Pobreza tem cor e não é por acaso”, o motivo pelo qual o Brasil enfrenta tantas dificuldades de desenvolvimento foi atribuído aos baixos salários pagos no país, herança do período escravocrata, onde os escravos não recebiam pelo trabalho que desempenhavam.
Arteníldes, integrante do grupo
Afro-Afoxá, finalizou o 1º momento da programação com uma performance ilustrativa da resistência negra. Ela enfatizou para o público presente no auditório que o respeito é fundamental
para convivência em sociedade. Respeito a todos os aspectos da cultura afro-brasileira.
Na segunda-feira (20), Alcione Corrêa continuou os debates. Sua palestra ilustrou por meio de exemplos do cotidiano a existência do mito da democracia racial. Alcione afirma existir um vazio do negro em diversos espaços sociais como Universidades,dramaturgia, dentre outros.
"Acredito que é um pouco desse tipo de discussão que falta. E para que ela possa ser realizada, corrigida e aumentada precisamos realizar a crítica com relação a nós mesmos que sempre somos benevolentes com os que de fora nos dizem,acrescenta o professor."
Na oportunidade houve também uma roda de capoeira coordenada pelo gupo Escravos Brancos. A comunidade escolar interagiu com um grupo no momento da apresentação.