Por: Andressa Kerllen
Conselho Estadual de Cultura questiona candidato à prefeitura de
Teresina, Daniel Solon, sobre a sua proposta de governo para a área cultural da
cidade.
Os integrantes
do Conselho Estadual de Cultura se reuniram na última quinta-feira, (06) de
setembro, às 10 h, na sede deste Colegiado, para debater com o candidato a
prefeitura de Teresina pelo partido PSTU, Daniel Solon, as propostas do
candidato para a área cultural da cidade. Além de Daniel Solon, também
estiveram presentes no encontro a candidata à vereadora de Teresina pelo PSTU,
Letícia Campos, a candidata à vice-prefeita pelo PSTU, Solimar Silva e o produtor
cultural Gervásio Santos.
É possível
dizer que o relevante peso das empresas privadas sobre a definição dos produtos
culturais que estarão a disposição da sociedade- por conta dos incentivos
fiscais - e a questão da transformação do artista em empreendedor por meio da
lógica atual que o impele a produzir de acordo com as demandas do mercado, são
pontos centrais da proposta de governo do PSTU para Teresina.
“Teresina está
privatizada em vários aspectos: na saúde, na educação, no transporte, e na área
cultural” com esse argumento teve início à exposição da proposta de governo do
candidato Daniel Solon.
Ele acredita que “as grandes
empresas vem conquistando o papel de definir quais são os produtos culturais
que estarão à disposição da sociedade, por causa da falta de garantia de
investimentos de recursos próprios da prefeitura de Teresina. Nesse sentido, os
produtores culturais ficam nas mãos dos empresários, a partir das leis de
incentivo como a A.Tito Filho, que garante isenção de impostos para as empresas”.
Como sugestão
para esse problema o candidato sugeriu que fosse criado um fundo específico
para financiamento e estímulo a produção cultural, e o fim de isenções de
impostos para empresas privadas. Outro ponto levantado pelo candidato do PSTU, diz
respeito à defesa do patrimônio arquitetônico da cidade por meio do tombamento
de vários prédios e punição severa para proprietários que descaracterizarem o
patrimônio tombado.
“É necessário
que se faça a municipalização/estatização do prédio do Cine Rex, não apenas
como cinema de rua, mas também como espaço de oficinas e de produção
audiovisual”, diz Daniel Solon, ao ressaltar a movimentação existente nas redes
sociais pela defesa do patrimônio artístico-cultural de Teresina.
Letícia Campos
candidata a vereadora de Teresina, pelo PSTU, afirma que “a cultura não deve
ser vista apenas como mercadoria; ela deve ser encarada como um conjunto de
valores que foram construídos socialmente e que devem ser valorizados”.
Para o
Presidente do Conselho, Manoel Paulo Nunes, o CEC é um órgão do governo e,
sobretudo do Estado, de forma que isso não significa que ele não tenha as suas
opções no tratamento do problema cultural enfrentado tanto pelo Estado como
pelo município. “Este é um dos Conselhos mais independentes do mundo, já
produzimos 5 planos de cultura, não se omitindo na busca de soluções de alguns
problemas fundamentais. Daniel pensou vários assuntos já tratados nas sessões
do Conselho; nós só não os resolvemos porque não temos força para isso, somos
apenas um órgão consultivo!”,afirma o Presidente.
O Conselheiro
Wilson Seraine sugeriu para o candidato a inserção da Criação da Secretaria
Municipal de Cultura como meta do plano de governo do partido, já que essa é
uma questão tão importante para a política municipal de cultura.
Dora Medeiros,
integrante deste Conselho, interrogou Daniel Solon sobre quais providências
seriam tomadas pelo candidato, se eleito fosse, em relação à passagem de ônibus
nas imediações do Museu do Piauí, cujo conjunto do patrimônio e acervo está
ameaçado pela fuligem e pela trepidação no solo e o elogiou por ter aceitado
convite, tendo em vista que ele foi o único candidato que compareceu ao chamado
do Conselho. Vale ressaltar, que os candidatos Firmino Filho do PSDB e
Welligthon Dias do PT, encaminharam suas propostas de governo à sede do CEC.
Os problemas
enfrentados com a destruição do patrimônio arquitetônico de Teresina e a
transformação do produtor cultural em empreendedor foram algumas das denúncias
abordadas pelo Conselheiro Severino Santos.
A
vice-presidente do CEC, Francisca Maria, frisou que os gestores tem que
compreender que investir em cultura é prioridade, porque se você investe em
cultura e educação, ocorre paralelamente uma queda nos gastos com saúde e
segurança. Ela também sugeriu que fosse acrescentado ao plano de governo a
criação do Arquivo Público Municipal de Teresina.
A revitalização
de bibliotecas e a criação de pontos de leitura foram pontos do plano de
governo do PSTU bastante elogiados e tidos como necessários pelo Conselheiro
Itamar Silva.
Com sua
vivência no setor cultural do município, o Conselheiro Mestre Severo, apontou
para a necessidade de os gestores acompanharem o desenvolvimento dos projetos
de modo que as ações culturais não se tornem atividades isoladas.
“Tempo é questão de preferência”,
com essa frase o Conselheiro Cineas Santos encerrou a rodada de posicionamento
dos integrantes do CEC. Ao lembrar que
apenas um candidato compareceu ao encontro. Para ele, se os demais não tiveram
tempo para vir ao Conselho foi por uma questão de preferência, pois a cultura
não deve ser relevante para os mesmos.
No encontro, o
candidato teve a oportunidade de conhecer os retrocessos, mas também os
recentes avanços na política cultural do município, além de receberem
questionamentos e contribuições dos conselheiros.