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Professora quer resgatar índios piauienses
20/04/2011 00:11:41

Professora Joina

Palestra do dia do indio

“Mesmo uma bomba nuclear em Nagasaki e Hiroxima deixou sobreviventes. A gente começa a pensar que, mesmo uma bomba nuclear, naquela intensidade, naquele território, deixou sobrevivente, como é que o processo histórico aqui não deixou sobreviventes? (...) Houve muito massacre, muito sangue, mas a gente precisa buscar a historia dos sobreviventes.(...) Porque, senão, é até um desrespeito a essas pessoas que estão hoje aí lutando para aparecer e dizer: olha, eu sou índio, eu tô aqui!! ...Continuar dizendo que todos foram mortos, a  gente massacra duas vezes: no passado e no papel”.

Palestra do dia do indio

Foi o que disse na manhã de ontem (19) a professora Joina Freitas Borges, do Departamento de Arqueologia, do CCN - Centro de Ciências da Natureza, da UFPI – Universidade Federal do Piauí, durante a palestra “Cultura indígena e seus descendentes no Piauí”, proferida para cerca de 40 alunos de uma escola pública do bairro Vermelha, zona sul de Teresina. O evento aconteceu no auditório do CCV – Centro Cultural da Vermelha, que é ligado ao CEC – Conselho Estadual de Cultura, no âmbito do Calendário do Mês de abril da entidade em homenagem ao Dia do Índio.

Palestra do dia do indio

Joina diz que, além de professora, há pouco tempo concluiu doutorado, quando trabalhou com os índios Tremembés, que ocuparam a costa norte do Brasil nos séculos XVI e XVII. Segundo ela, esse é o período que se tem menos informações sobre esses índios. “Esses grupos indígenas, ao contrario dos da Bahia, não aceitaram a instalação de núcleos de povoamento colonial nas suas praias. Então, passaram-se cerca de 200 anos para se ter o primeiro aldeamento. Como eles não aceitavam a presença européia nos seus territórios, a gente tem poucos documentos escritos sobre eles. Não eram iguais aos Tupinambás, que os missionários ficavam entre eles”, afirma a doutora.

Palestra do dia do indio

Novo Censo deve revelar mais dois mil índios no Piauí

A professora disse que alguns municípios como Piripiri, no norte do Estado, e Queimada Nova, situado no centro/sul tem se destacado no aparecimento de comunidades indígenas. Ela explica que no último Censo foram identificados cerca de 2 mil e a expectativa é de que, no Censo do ano passado, que ainda vai ser divulgado, o numero tenda a subir. “Um dos fatores que contribuiram para esses grupos indígenas estarem voltando a aparecer é o que? __A revalorização das culturas tradicionais”, explica Joina.

Palestra do dia do indio


Para ela “a própria constituição de 1988 deu voz e vez a esses grupos e o seu acesso à terra (...) A constituição tem muitos pontos positivos e avançou bastante em relação aos indígenas e fez com que, realmente, os grupos começassem a aparecer. Eles estavam ali, mas escondidos. Porque, o massacre não foi só das armas de fogo, mas foi também nos discursos, de dizer que esses grupos eram preguiçosos, que não tinha mais índios... Como é que um indivíduo vai dizer: eu sou índio... Não foram todos mortos, como e que eu sou índio?”, finaliza Joina.

Palestra do dia do indio

Depoimentos

“Eu sempre vi que os índios do Piauí, de fato, foram levados para outro lugar. Não tiveram, necessariamente, a morte como sendo o final. Os Craôs, lá do Tocantins, eram índios piauienses, os Guajajaras daqui. Existe essa andança, que é própria do Nordeste. Concordo muito com ela (Professora Joina). Não existe essa questão de... acabou! Essa é mais um política de, as vezes, a gente lavar as mãos, e dizer: Nós não temos o que fazer porque acabou. Na verdade, não se acaba assim. Quem quer pode fazer essa leitura. Os negros já mostraram isso, né. Quer dizer, não se tinha comunidades quilombolas no Piauí até bem pouco tempo. Agora nós temos mais de 200 comunidades”, disse Wagner Ribeiro, educador e pesquisador da cultura piauiense.

Palestra do dia do Indio


“Gostei muito da palestra por que a gente vai conhecendo cada vez mais a história do Piauí e dos índios, também. Minha tataravô era descendente de índio. Acho que tenho um pouco de índio, rsss” disse Brenda Lary, aluna da 7ª Serie, da U. E. Gabriel Ferreira, acrescentando que ser índia é bom e a valoriza.

“Achei muito interessante, porque está justamente de acordo com o conteúdo... A gente está lecionando a arte indígena. Então, isso ajudou a enriquecer bastante numa visão completamente diferente do que a gente lecionava,né. Trouxe informações até mesmo pra nós. Essa informação sobre os índios do Piauí a gente não tinha. E, essa palestra, esclareceu muito”, disse Gleidson Rodolfo, professor estagiário de Artes, U. E. Gabriel Ferreira.

Palestra do dia do Indio


 
20/04/2011  




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